Ciúme obsessivo e ciúme retroativo podem ser indícios de transtorno obsessivo compulsivo de relacionamento. Confira as explicações no texto.
O ciúme obsessivo pode ser um sinal de TOC (transtorno obsessivo compulsivo) quando o sentimento de insegurança é caracterizado por:
- pensamentos obsessivos relacionados à ameaça de infidelidade;
- necessidade compulsiva de verificar e controlar o parceiro;
- esquiva de situações que provocam ciúmes (como sair com amigos, ir a lugares públicos, etc.);
- ilusão de controle do relacionamento por meio de comportamentos ritualísticos ou supersticiosos.
Na verdade, o ciúme excessivo é uma das manifestações sintomáticas do transtorno obsessivo compulsivo de relacionamento — um tipo de TOC cujo foco são os relacionamentos íntimos.
Sintomas de TOC de relacionamento
Além do ciúme obsessivo, pessoas com TOC do relacionamento também podem apresentar outros tipos de obsessões, tais como:
- questionar, frequentemente, se estão de fato apaixonadas;
- medo de não serem boas o suficiente para o parceiro;
- fazer comparações de seu relacionamento com o de outras pessoas — ou comparar a relação atual com experiências anteriores;
- constantemente medir a atração pelo parceiro, verificando se não existe atração maior por outras pessoas (conhecidos, celebridades ou estranhos);
- focar nas falhas do relacionamento;
- quantificar e testar o afeto do parceiro;
- duvidar se a pessoa é a “escolha certa”;
- reavaliar, insistentemente, aspectos físicos e traços de personalidade — com objetivo de encontrar detalhes negativos, que justifiquem a dúvida quanto ao relacionamento;
- idealizar as atitudes do parceiro e da própria experiência do amor.
Não se apavore se todos esses pensamentos te parecem familiares.
Relacionamentos normais passam por essas perguntas.
Você não tem TOC porque pensa em algo.
O transtorno só acontece quando esse “algo” se torna um elemento dominante, causando contínuas frustrações e perda de uma percepção realista.
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Como é o ciúme no transtorno obsessivo compulsivo?
Obsessões não revelam o que há. Não olham para o presente.
Analisam tudo pela ótica de uma imaginação fatalista ou de um passado traumático.
E é exatamente isso o que ocorre com o ciúme obsessivo.
Diferente do ciúme normal — passageiro, pontual e contextualizado — o ciúme patológico não tem base racional. Não se relaciona a fatos, mas sim a um padrão cíclico de preocupações infundadas, que se apegam a detalhes insignificantes para sustentar um comportamento de constante vigília do parceiro.
Sintomas de ciúme obsessivo
- Invasão de privacidade — acessar o celular para verificar chamadas e mensagens, exigir senhas de e-mail e perfis de mídias sociais, ouvir conversas particulares, etc.
- Comportamento de monitoramento — checar constantemente onde o parceiro está, conferir suas atividades em redes sociais, controlar a agenda de compromissos…
- Necessidade de constantes “provas de amor”.
- Limitação da liberdade do parceiro — impedir que vá a certos lugares ou encontre determinadas pessoas, além de interferir em características pessoais (como escolhas de roupas e modo de agir em público).
- Pensamento obsessivo de uma possível infidelidade.
- Ciúme retroativo — fazer de relacionamentos passados um foco constante de comparações, julgamentos depreciativos e vê-los como potencial ameaça de traição.
- Insistência em sempre acompanhar o parceiro em atividades rotineiras — como fazer compras, visitar amigos e familiares, ir ao médico…
- Comportamentos de perseguição.
- Atitudes violentas (agressões verbais ou físicas) com o parceiro ou pessoas consideradas rivais.
- Suspeita de infidelidade por coisas mínimas — quando o parceiro não atende o telefone, se arruma para sair ou parece mais feliz e animado, por exemplo.
O ciúme retroativo e obsessivo tende a causar o desgaste e ruína da relação.
Pode-se supor que, com o término do namoro (ou casamento) os sentimentos e comportamentos inapropriados também encerrem.
Mas pessoas com TOC de relacionamento tendem a repetir esses padrões, não importa com quem estejam.
Geralmente, após o rompimento, se sentem deprimidas e ansiosas, nutrindo dúvidas se houve ou não infidelidade — acreditando que essa pode ter sido a real causa do fim.
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Causas do ciúme obsessivo
O ciúme excessivo pode ser consequência de:
- baixa autoestima;
- insegurança;
- experiências traumáticas;
- inibição e repressão de certos aspectos da personalidade;
- educação muito rígida ou conservadora;
- projeção dos próprios medos, desejos e impulsos no parceiro;
- idealização de relacionamentos íntimos;
- dependência e carência emocional;
- pais ausentes ou muito controladores, na infância;
- função sexual reduzida.
- outras condições de saúde mental — além de TOC, o ciúme patológico pode estar associado a transtornos afetivos e distúrbios de personalidade.
Tais hipóteses, certamente, não esgotam as explicações sobre o assunto. É necessário analisar a história individual da pessoa com ciúme patológico para encontrar as raízes de sua obsessão.
Nesse sentido, a busca por avaliação psicológica é fundamental.
Além de ajudar a compreender as causas do transtorno, o psicólogo propõe estratégias de enfrentamento e melhor gerenciamento dos sintomas do ciúme patológico.
O apoio e orientações do profissional de saúde mental podem ser a única forma de romper com padrões de comportamentos obsessivos, pois, quem os vivencia há muito tempo, costuma ter grande dificuldade de encerrá-los por conta própria.
Para aprofundar seu entendimento sobre essas questões, sugerimos que leia o texto TOC: esclareça suas dúvidas sobre o transtorno obsessivo compulsivo — disponível aqui no blog.
Leitura complementar: Ciúmes: o que significa? Por que sentimos? Como controlar? Texto com 15 orientações validadas por psicólogos.