Já ouviu falar sobre ginástica para o cérebro? O termo “neurofitness” em tradução para o português “neuróbica” teve origem nos Estados Unidos pelo pesquisador americano chamado Larry Katz.
Com fundamentos das neurociências, Kartz defende o seguinte: quanto mais ativo manter o cérebro, melhor reforça as suas conexões e por consequência, fortalece a memória e os processos cognitivos.
A partir dessa premissa, empresas brasileiras comercializam jogos para “turbinar o seu cérebro” e garantem que esses benefícios são consolidados pela ciência.
O público interessado por esse tipo de exercício varia, desde crianças, adolescentes, adultos e principalmente, idosos.
Convido você para discutirmos sobre a cognição, memória e o que de fato é saudável para o cérebro e apresenta validação científica.
Não podemos nos esquecer de que os fatores pessoais, como a idade, por exemplo, tem forte influência.
Confira a seguir.
Ginástica para o cérebro: por que devemos olhar de forma crítica?
Os jogos no geral, como vídeo-game, cartas, xadrez, estimulam o raciocínio, memória e organização de indivíduos saudáveis.
Porém essas atividades entram no campo da socialização, é uma brincadeira saudável realizada junto aos amigos.
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Entrar na questão de que tais exercícios beneficiam a cognição de uma forma geral é uma promessa simplista da qual devemos nos atentar.
O declínio da memória, por exemplo, é bastante comum com o avançar da idade, principalmente em indivíduos que não são ativos cognitivamente.
Inúmeras questões fisiológicas, comportamentais e até possíveis complicações a nível neuronal podem interferir na saúde cognitiva e consequentemente na memória.
Cada caso é único
Indicar a ginástica cerebral e os jogos comercializados para idosos não é a única solução no combate a demência e Alzheimer, inclusive na abordagem neuropsicológica discute-se cada vez os benefícios da socialização, leitura, e caminhadas na prevenção e tratamento contra a demência.
É importante compreendermos que as deficiências cognitivas possuem uma larga amplitude, logo atividades muito específicas, como os jogos, por exemplo, não atuam beneficiando todas as funções necessárias e quase sempre ficam restritos a determina atividade e repetição.
Cognição é assunto sério!
O intuito não é dizer que você não deve jogar e desenvolver tais habilidades também importantes – inclusive fazem parte de momentos de lazer – mas explicar que a cognição não está restrita a esses exercícios e pode não apresentar os resultados efetivos na prática, na sua vida cotidiana fora dos contextos em que é realizada essas atividades. Afinal, o objetivo é sempre a qualidade de vida.
Ao apresentar dificuldade de concentração e memória o ideal é consultar uma equipe de especialistas como clínico e nutricionista, para excluir as possíveis interferências fisiológicas e nutricionais, e por fim, o psicólogo e neuropsicólogo para avaliações cognitivas orientadas para a situação.
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Atividades validadas pela ciência e que beneficiam a cognição e memória em cada fase da vida
Crianças
Brincadeiras ao ar livre: brincar é a maneira mais eficiente de desenvolver competências sociais, como: empatia, organização, comunicação, habilidades motoras e planejamento.
Aprender a tocar um instrumento: estudos evidenciam que o aprendizado instrumental reforça conexões no cérebro relacionadas a memória, organização e controle das emoções. É importante a espontaneidade e de fato a criança ter o desejo de aprender o instrumento para que a atividade seja benéfica e não uma pressão dos pais.
Esportes: esportes no geral são excelentes atividades para a saúde do cérebro e também estimula competências comportamentais na criança, como a liderança, proatividade, planejamento, habilidade para trabalhar em equipe, disciplina e concentração.
Jogos: os jogos de memória, planejamento, banco imobiliário, xadrez e muitos outros, além de divertidos, ajudam na capacidade de planejamento, treino da memória, raciocínio lógico e são ainda mais saudáveis se praticados em grupo.
Grupo de leitura: é essencial o estímulo à leitura, principalmente a interpretação de textos com linguagens distintas. Tais estímulos auxiliam a criança numa percepção mais ampla das situações, aguça o pensamento crítico e na formação de uma mentalidade ajustável aos diferentes pontos de vista;
Adultos
Meditação: estudos científicos de ressonância magnética funcional observam mudanças estruturais no cérebro, como na região da ínsula, responsável pela “auto-análise”em indivíduos praticantes assíduos de meditação. A atividade promove a percepção dos fatores corporais internos e auxilia no equilíbrio das interpretações externas.
Atividade física: o sedentarismo é inimigo da memória e saúde cognitiva. A atividade física, como a caminha ou corrida, por exemplo, estimulam a circulação sanguínea e contribuem para oxigenação do cérebro. Processo essencial para o estímulo cognitivo e concentração.
Dormir bem: não é nenhuma novidade que o sono é essencial para a saúde, principalmente ao se tratar da memória. Enquanto dormimos o cérebro está em intensa atividade, atua na organização das diferentes memórias e faz o trabalho de “higiene” mental. Quem possui insônia pode ter a memória bastante comprometida. É essencial investigar a causa.
Idosos
Atividades sociais: estar com os amigos e inserido em atividades sociais, embora seja uma atividade simples, é considerada entre as melhores para a saúde cognitiva do idoso;
Artesanato: os exercícios lúdicos, como também a culinária são excelentes treinos cognitivos para o idoso. Durante essas tarefas é necessário o planejamento motor, executivo e ainda a memória na escolha dos ingredientes e acessórios;
Caminhadas: a oxigenação do cérebro é muito importante para o idoso na prevenção contra doenças neurodegenerativas. Outro exercício indicado para os idosos é o pilates, nesse caso auxiliando-os no bem estar e melhora na motricidade;
Leitura e arte: a participação em peças teatrais e a leitura são excelentes ferramentas para a saúde cognitiva e memória. O teatro, por exemplo, atua tanto nas expressões, no contato social, como também estimula a orientação corporal no espaço.