O Dia da Não Violência é a data estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para celebrar — e incentivar — uma filosofia de vida que propõe práticas para uma convivência harmônica.
Essa filosofia foi muito divulgada pelo líder indiano Mahatma Gandhi.
E é exatamente por isso que 2 de outubro — dia do aniversário de Gandhi — foi escolhido como referência mundial para o Dia da Não Violência.
O pensamento, as palavras e as atitudes de Gandhi, de fato, foram revolucionárias.
Tanto que inspiraram figuras importantíssimas, como Nelson Mandela, Dalai Lama, John Lennon, Martin Luther King Jr. e Albert Einstein.
Mas, como o próprio Gandhi fazia questão de afirmar, ele não inventou a filosofia da não violência:
“Não tenho nada de novo para ensinar ao mundo. A verdade e a não violência são tão antigas quanto as colinas. Tudo o que fiz foi tentar experimentos em ambos na escala mais vasta que pude.”
Na verdade, Gandhi buscou na interpretação de ahimsa — palavra sânscrita que significa “não ferir” — a base para sua conduta.
De forma resumida, podemos dizer que a prática de ahimsa obedece ao princípio de não causar dor física e psicológica a qualquer ser vivo.
Essa ideia aparece em religiões como hinduísmo, budismo e jainismo, sendo também uma conduta ética defendida pela yoga.
A grande contribuição de Mahatma Gandhi foi “traduzir” a ahimsa para o contexto da política e da cidadania.
E é justamente por esse aspecto que o Dia da Não Violência traz reflexões tão necessárias.
O Dia da Não Violência nos convida a repensar nossas estratégias de enfrentamento usuais.
Ou seja, por não violência devemos entender um conceito que vai além de uma bandeira contra agressões físicas ou conflitos armados.
A brutalidade da violência também acontece em discussões acaloradas. Em críticas ferozes. Em comportamentos que, muitas vezes sem perceber, normalizamos e consideramos inofensivos.
Sim, há violência naquele comentário depreciativo que alguém posta nas redes sociais.
Há violência no bullying.
Em qualquer forma de preconceito.
E na falta de cortesia nos atos cotidianos.
No entanto, o que fazemos para combater esses males?
Devolvemos na mesma moeda?
Ora, então não estamos dando continuidade a uma conduta tóxica, que afirmamos rejeitar?
Em que somos diferentes (ou melhores) que nossos detratores, quando imitamos seus métodos?
O Dia da Não Violência existe para nos lembrar que temos alternativas.
Não precisamos usar dos mesmos artifícios que nos feriram para fazer valer nossa vontade.
Uma boa referência para descobrir táticas não violentas é a obra do cientista político Gene Sharp.
Sharp, que foi o fundador da Albert Einstein Institution — uma organização dedicada a promover o estudo de ações não violentas — se tornou conhecido como “Maquiavel da não violência”, dada a relevância de suas contribuições.
No livro intitulado “A Política da Ação Não Violenta”, Gene Sharp faz um compilado de 198 métodos de ação não violenta.
A título de curiosidade, listamos 18 exemplos das práticas de resistência recomendadas:
- petições em grupo ou em massa;
- slogans, caricaturas e símbolos;
- exibições de bandeiras e cores simbólicas;
- luzes simbólicas;
- vigílias;
- esquetes humorísticos;
- assembleias de protesto ou apoio;
- silêncio;
- renúncia de homenagens;
- virar as costas;
- não consumo de mercadorias boicotadas;
- greve de protesto;
- recusa de apoio público;
- estabelecimento de novos padrões sociais;
- instituições sociais alternativas;
- sistema de comunicação alternativo;
- patrocínio seletivo;
- mercados alternativos.
As ideias de Sharp estão fortemente atreladas ao âmbito de lutas políticas.
Contudo, podem servir como insight para atitudes não violentas em outras esferas.
Principalmente, nas relações pessoais e sociais mais próximas.
Dica extra:
Para saber mais sobre o trabalho de Gene Sharp, assista ao documentário “Como iniciar uma revolução”, dirigido pelo jornalista britânico Ruaridh Arrow.
Você encontra o filme completo no YouTube, com legendas em português.
14 maneiras de promover a não violência em seu dia a dia:
Confira exemplos deações que podem ser incorporadas ao cotidiano, contribuindo para a experiência ativa da não violência.
- Leia a obra ou biografias de ativistas da não violência. Frases de Gandhi — muito propagadas em mídias digitais — são um belo convite para iniciar suas reflexões.
- Não compare sua vida e suas escolhas com as de outras pessoas.
- Apoie ativamente ascausas nas quais você acredita.
- Pare de consumir marcas que não respeitam princípios éticos em sua cadeia de produção e comercialização. Lembre que o boicote é uma importante arma da não violência.
- Compartilhe informações, mensagens e notícias que estimulem o otimismo.
- Realize atos aleatórios de bondade e generosidade.
- Aceite a imperfeição — a sua e das outras pessoas.
- Apoie iniciativas que promovam formas de educação inclusiva.
- Eduque pelo exemplo.
- Cultive seu senso de humor.
- Exercite a tolerância.
- Vigie seus preconceitos! Muitas vezes, queremos acreditar que somos livres de opiniões preconcebidas. Mas, conforme prestamos atenção aos nossos comentários e juízos, percebemos que não somos tão corretos quanto gostaríamos. Portanto, seja cuidadoso com generalizações.
- Use o poder do “não”. Estabeleça limites no que diz respeito ao modo como você deseja ser tratado pelos outros. Afinal, para praticar a não violência, você deve começar rejeitando-a em suas relações.
- Pratique empatia e assertividade em sua comunicação. Como bônus, saiba que seus diálogos ganharão qualidade e se tornarão mais produtivos.
Leia mais sobre o assunto no texto: Cultura da Não Violência: como praticar?
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