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Fibromialgia: sintomas, causas e tratamentos

Conheça os sintomas, causas, tratamentos e obtenha outros esclarecimentos sobre a fibromialgia.

Conheça os sintomas, causas, tratamentos e obtenha outros esclarecimentos sobre a fibromialgia.


Conteúdo abordado neste artigo:


O que é fibromialgia

A fibromialgia é uma condição clínica caracterizada por dores crônicas — sentidas na pele, músculos e articulações — sensação de cansaço, problemas de sono e dificuldades cognitivas (afetando a capacidade de concentração e memória, por exemplo).

Pessoas que sofrem com essa condição, normalmente, também apresentam maior sensibilidade ao toque e a outros estímulos sensoriais — como variações de temperatura, sons e exposição à luz.

A palavra fibromialgia deriva do latim — fibro (tecido fibroso, presente em ligamentos, tendões e fáscias) — e do grego — mio (tecido muscular), algos (dor) e ia (condição). [1]

Estima-se que o transtorno afete de 2% a 4% da população mundial, sendo que as mulheres adultas (de 30 a 55 anos) configuram o grupo mais expressivo.

O diagnóstico da doença pode ser um pouco complicado, uma vez que exames laboratoriais não são eficientes para confirmá-la.

Contudo, tais exames costumam ser solicitados pelo médico, a fim de descartar condições de sintomas semelhantes, como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico e distúrbios na tireoide.

Embora não exista cura para a fibromialgia, ela pode ser controlada.

Saiba mais sobre tratamentos, medidas preventivas, causas e sintomas da doença, nos tópicos a seguir.

Causas da fibromialgia

As causas exatas da fibromialgia permanecem desconhecidas. Contudo, alguns fatores são identificados como prováveis desencadeadores da condição.

Dentre esses, podemos destacar:

1. Alterações no sistema nervoso central

Em artigo produzido pelo IQWiG (Instituto de Qualidade e Eficiência em Cuidados de Saúde, da Alemanha), disponibilizado pelo InformedHealth.org, encontramos explicações que podem nos ajudar a entender as possíveis origens da fibromialgia.

Abaixo, destacamos um trecho do texto:

“Uma coisa que se acredita causar fibromialgia é um problema com o processamento de sinais elétricos no cérebro. 
Mesmo sinais fracos são sentidos como dor. 
Esta teoria é apoiada pelo fato de que as pessoas que têm fibromialgia muitas vezes também têm outras condições médicas que afetam o processamento da dor no sistema nervoso central, como enxaquecas, síndrome do intestino irritável (SII) e certas condições que afetam os músculos e articulações da mandíbula (distúrbios craniomandibulares).”*

2. Baixos níveis de serotonina, noradrenalina e dopamina

Serotonina, noradrenalina e dopamina são neurotransmissores que auxiliam o corpo a regular o humor, o sono e a dor. E, de acordo com pesquisas, pessoas que sofrem de fibromialgia podem apresentar níveis mais baixos desses neurotransmissores — o que ajudaria a explicar parte dos sintomas típicos da condição.

3. Distúrbios de sono

As relações entre o sono de má qualidade e os sintomas da fibromialgia (especialmente o cansaço excessivo e as dores musculares) são debatidas em dezenas de estudos.

Um exemplo é o artigo Fisiopatologia da Fibromialgia (Pathophysiology of Fibromyalgia), publicado pela The American Journal of Medicine. Nesse artigo, Dr. Laurence A. Bradley, especialista em distúrbios dolorosos crônicos, comenta:

“Pacientes com fibromialgia geralmente têm problemas com o sono, incluindo sono não reparador, insônia, despertar matinal e má qualidade do sono…
Os distúrbios do sono podem estar relacionados à redução de energia e fadiga, frequentemente encontradas em pacientes com fibromialgia. O sono perturbado também pode contribuir para o aumento da dor…
… os distúrbios do sono podem prejudicar a cicatrização de danos no tecido muscular, prolongando assim a transmissão de estímulos sensoriais do tecido muscular lesado para o sistema nervoso central, aumentando a percepção do músculo dor. 
Por sua vez, esse aumento da dor pode contribuir para o aumento do distúrbio do sono, mantendo assim a fadiga do paciente e continuando o reparo inadequado do tecido muscular. 
Evidências recentes de um grande estudo epidemiológico apoiam a correlação entre sono e dor. Nesse estudo, os autorrelatos dos indivíduos de melhorias no sono restaurador foram associados à resolução da dor crônica generalizada…”*

4. Herança genética

Neste ponto, vamos citar, novamente, o estudo O que se sabe sobre as causas da fibromialgia? (no original, What is known about the causes of fibromyalgia?), produzido pelo IQWiG. Confira as informações:

“Sabe-se que certos tipos de genes são mais comuns em pessoas com fibromialgia do que em outras pessoas. 
Esses genes são importantes para a função de certos mensageiros químicos (neurotransmissores) que estão envolvidos no processamento físico e psicológico da dor. 
Exemplos de tais mensageiros químicos são a noradrenalina (norepinefrina) e a serotonina. 
Mas não existe um ‘gene da fibromialgia’ que seja claramente responsável pela doença.”*

Gatilhos de fibromialgia

Geralmente, há um gatilho responsável por provocar as crises de fibromialgia. Os mais comuns são:

  • lesões ou outros tipos de estresse físico;
  • infecções virais;
  • obesidade;
  • doença aguda;
  • cirurgias;
  • trauma psicológico;
  • abuso sexual, físico ou emocional;
  • acidente automobilístico;
  • estresse crônico (resultante de situações como excesso de responsabilidades, preocupações constantes com trabalho ou questões financeiras e problemas de relacionamento);
  • eventos que implicam em mudança de vida, como gravidez, parto e menopausa;
  • processo de luto.

Sintomas de fibromialgia

O principal sintoma da fibromialgia é a sensação de dor generalizada, que demora a passar.

A Sociedade Brasileira de Reumatologia produziu uma cartilha, bastante didática, onde esclarece vários pontos sobre a fibromialgia. Dentre as explicações, vale mencionar a forma como é descrita a dor sentida pela pessoa afetada pela condição:

“É muito comum que o paciente sinta dificuldade de definir onde está a dor, e muitos referem-na como sendo ‘nos ossos’, nas ‘juntas’ ou ‘nas carnes’. Como os músculos estão presentes por todo o corpo, este é o motivo da confusão. Importante notar que não só o paciente refere dor espontânea, mas também bastante dolorimento ao toque. Comumente o paciente com fibromialgia refere que não pode ser abraçado ou mesmo acariciado.”

Além da dor crônica, em diferentes áreas do corpo, existem vários outros indícios, que podem variar de pessoa para pessoa.

Os demais sintomas de fibromialgia frequentemente relatados são:

  • fadiga;
  • rigidez ou espasmos musculares;
  • dores de cabeça;
  • ansiedade;
  • síndrome do intestino irritável;
  • problemas cognitivos (memória deficiente, dificuldade para manter a concentração e/ou assimilar aprendizados);
  • má qualidade do sono;
  • síndrome das pernas inquietas;
  • maior sensibilidade à temperatura, ruídos altos e luzes;
  • dormência ou formigamento nas mãos e nos pés;
  • períodos menstruais dolorosos;
  • tonturas;
  • depressão.
Sintomas e gatilhos de fibromialgia
Dores de cabeça e tonturas são alguns dos sintomas de fibromialgia comumente relatados por pacientes.

Em outro texto produzido pelo IQWiG — intitulado Fibromialgia: visão geral (Fibromyalgia: overview) — encontramos uma observação adicional interessante:

“[A dor] pode ser imprevisível e variar de um dia para o outro — por exemplo, em termos de quão grave é ou onde ocorre no corpo. 
Isso dificulta que as pessoas com fibromialgia façam planos, desde atividades cotidianas, como compras, até viagens ou férias. 
Em algumas pessoas, os sintomas melhoram por algumas horas por dia e elas conseguem fazer as coisas durante esse período… 
Muitas pessoas, às vezes, têm dificuldades para pensar com clareza, lembrar de coisas, encontrar palavras ou se concentrar. Isso é conhecido como névoa fibro ou névoa mental.”*

Tratamento para fibromialgia

Conforme pontuamos anteriormente, não há uma cura definitiva para o transtorno. Contudo, é possível gerenciá-lo, contando com recursos medicamentosos e mudanças no estilo de vida.

Tratamento medicamentoso

Relaxantes musculares, analgésicos, antidepressivos e ansiolíticos são, habitualmente, prescritos pelo médico, após análise dos sintomas específicos do paciente.

Terapias alternativas ou complementares

Fisioterapia, massagens, pilates, técnicas de relaxamento, acupuntura e aromaterapia também podem ser recomendados, com objetivo de diminuir as dores e amenizar outros incômodos.

Atividades físicas

Os exercícios físicos compõem parte fundamental do tratamento.

Porém, é importante optar por atividades aeróbicas de baixo impacto. Caminhadas, alongamentos, yoga e tai chi chuan, por exemplo, são alternativas interessantes.

O motivo dos exercícios físicos figurarem entre as recomendações para pessoas com fibromialgia é devidamente esclarecido em artigo [2] publicado na Revista Brasileira de Reumatologia:

“Estimular a prática de atividade física por parte de pacientes com essa doença tem como objetivos: melhorar ou manter seu condicionamento físico, trazer bem estar emocional, melhorar os sintomas da doença, e melhora da saúde, trazendo aos pacientes uma sensação de bem estar geral.
Caminhadas de casa ao trabalho, limpar a poeira da casa, retirar folhas da calçada, entre outras tarefas domésticas, são consideradas formas produtivas de adicionar atividade física ao dia desses pacientes.
Atividade física de intensidade moderada tais como caminhadas, dança e bicicleta ergométrica são algumas das atividades aeróbicas que podem ser consideradas na terapia física desses pacientes.”

Dieta

Cuidados com a alimentação agregam outros benefícios.

Um cardápio generoso em verduras, frutas, carnes magras e oleaginosas contribui para níveis equilibrados de serotonina, cortisol e melatonina. Como consequência, é possível reduzir o estresse, melhorar a disposição e a qualidade do sono.


Conteúdo relacionado: Alimentos que combatem a depressão: saiba o que escolher (e o que evitar) ao elaborar seu cardápio de combate à depressão.


Terapia cognitvo-comportamental

A terapia cognitivo-comportamental é uma sugestão bastante recorrente nos tratamentos de fibromialgia.

Essa forma de terapia auxilia no controle de comportamentos negativos — gatilhos psicológicos das dores —, estimula habilidades de enfrentamento e instrui sobre técnicas de relaxamento.

O periódico The Journal of Rheumatology apresenta dados sobre a recomendação de TCC para a condição e explica sua pertinência:

“A TCC inclui intervenções que se baseiam na premissa básica de que a dor crônica é mantida por fatores cognitivos e comportamentais, e que o tratamento psicológico leva a mudanças nesses fatores por meio de processos cognitivos (por exemplo, reestruturação cognitiva) e/ou comportamental (por exemplo, treinamento de relaxamento, treinamento de habilidades) técnicas… 
As principais técnicas terapêuticas empregadas na TCC são a modificação dos pensamentos disfuncionais e a modificação comportamental.”

— Trecho extraído do artigo Eficácia das terapias cognitivo-comportamentais na síndrome da fibromialgia (Efficacy of cognitive-behavioral therapies in fibromyalgia syndrome).

Como conviver com a fibromialgia

A rotina de uma pessoa com fibromialgia pode ser bastante desgastante, dados os sintomas característicos da doença.

Sendo assim, junto aos tratamentos indicados pelo médico, é importante adotar outras medidas de autocuidado, com intuito de prevenir as crises e contribuir para melhor qualidade de vida.

Confira algumas dicas para reduzir os incômodos com o transtorno:

Dormir bem

Episódios de insônia ou outros distúrbios do sono são tanto causas quanto sintomas comuns da fibromialgia.

Certas precauções, no entanto, ajudam a atenuar o problema. Nesse sentido, as principais sugestões são:

  • Manter uma rotina de horários em relação ao momento de deitar-se e levantar da cama
  • Evitar estimulantes — como cafeína e nicotina — no período noturno
  • Preferir refeições leves na ocasião do jantar
  • Deixar o quarto escuro, silencioso e com temperatura agradável, para induzir o sono sem perturbações
  • Buscar formas de relaxamento, tais como um banho quente ou chás de propriedades calmantes, antes de ir para o quarto.

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Abandonar o sedentarismo

Sutis mudanças de hábitos — como optar por escadas e fazer pequenos trajetos a pé — já trazem os primeiros benefícios.

Com atividades físicas regulares, as dores e a fadiga diminuem, consideravelmente.

Dessa forma, ainda que o início seja difícil, é imprescindível insistir.

Na medida que os medicamentos surtem efeito, os movimentos se tornam mais confortáveis e podem ser intensificados.

Relaxar

Exercícios de respiração, meditação e outras técnicas de relaxamento — que podem ser aprendidas com a terapia cognitivo-comportamental — devem ser praticados diariamente.

O principal efeito desse hábito é atenuar o estresse que, não raro, é desencadeador das crises.

Buscar informações

Conviver com uma doença crônica é sempre um desafio.

Mas compreender a condição, da melhor forma possível, inibe temores desnecessários, auxilia nas escolhas mais acertadas e confere objetividade quanto aos limites que a fibromialgia realmente impõe.

Além de conversar com o médico e terapeuta, é possível encontrar materiais ricos, como livros e cartilhas, que trazem esclarecimentos necessários sobre a doença. Abaixo, indicamos alguns títulos que podem te auxiliar:

Fibromialgia sem mistério: um guia para pacientes, familiares e médicos

De Manuel Martínez-Lavín — diretor do departamento de Reumatologia do Instituto Nacional de Cardiologia Ignacio Chávez (México) e renomado pesquisador da área de fibromialgia.

O livro faz parte do catálogo do Grupo Editorial Summus (MG Editores).

No site da editora, encontramos uma breve sinopse da obra, que pode te ajudar a decidir se a leitura é o que você procura:

“Este livro esclarece vários aspectos de um problema de saúde polêmico e ainda não totalmente compreendido nem mesmo pela classe médica: a fibromialgia. Apresenta os principais sinais e sintomas dessa doença, explica por que seu diagnóstico é tão difícil e apresenta alguns conceitos importantes que explicam a provável causa e as possibilidades de tratamento do problema.”

Acredite, a vida sem dor é possível

Com o subtítulo “entenda a origem da dor crônica que limita seu bem-estar físico. Saiba como enfrentá-la para obter resultados duradouros e resgate a autoconfiança”, o livro — de Rogério Liporaci — é uma leitura acessível, mas bastante rica em informações.

Por meio da sinopse da obra, disponibilizada no site da Editora Gente, você pode ter melhor noção dos tópicos abordados no livro:

“Sentir dor é ruim, mas viver diariamente com ela é insuportável. Isso pode transformar qualquer atividade simples em um terrível pesadelo, seja trabalhar sentado, usar um salto alto ou até mesmo pegar uma criança no colo.
Às vezes, começa com uma pequena pontada, mas, quando vemos, já não conseguimos encontrar uma posição confortável ou realizar um movimento pleno, e pior: a nossa vida começa a girar em torno desse desconforto…
Se você convive com dor crônica, com certeza já passou por diversos especialistas, recebeu inúmeros diagnósticos e testou vários tratamentos – inclusive os caseiros…
O Ph.D Rogério Liporaci, especialista em resolução e tratamento de dores crônicas, escreveu esta obra especialmente para ajudar pessoas que convivem com esse mal que acomete os movimentos do corpo. Neste livro, você aprenderá como:
• iniciar o caminho de diminuição da dor por meio de exercícios e educação;
• romper com os mitos que pioram a dor crônica;
• identificar como seu perfil pessoal afeta sua relação com a dor e os sintomas com os quais sofre frequentemente;
• estabelecer uma nova relação com os profissionais que o acompanham;
• quebrar o ciclo da dor;
• assumir o controle de sua vida.”


Após ler este texto, você encontrou outras questões ou dúvidas sobre a fibromialgia?

Então, registre-as nos comentários, para que possamos apresentar mais informações sobre o assunto.


Referências adicionais:

[1] Fibromialgia: aspectos clínicos e ocupacionais. Artigo publicado na Revista da Associação Médica Brasileira, com autoria de Milton Helfenstein Junior, Marco Aurélio Goldenfum e César Augusto Fávaro Siena.

[2] Uso da terapia não farmacológica, medicina alternativa e complementar na fibromialgia. Artigo publicado na Revista Brasileira de Reumatologia, com autoria de Alessandra de Sousa Braz, Ana Patrícia de Paula, Margareth de Fátima F. Melo Diniz e Reinaldo Nóbrega de Almeida.


* Tradução nossa.

Clínica de Psicologia Nodari
Especializada em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
Atendimentos Particulares em Psicoterapia e Avaliação Neuropsicológica

Está localizada na Vila Mariana, São Paulo/SP
11 99725-4565

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