Aprender a identificar a diferença entre preocupação produtiva e preocupação sem utilidade pode ajudar bastante a diminuir sua ansiedade.
Afinal, não podemos generalizar e pensar que toda preocupação é destituída de propósito. Às vezes, se preocupar é necessário para mantê-lo seguro e livre de problemas que podem ser evitados.
Por outro lado, não é saudável se enredar em pensamentos cujo único resultado é deixá-lo tenso, estressado e com medo.
Então, como distinguir as duas situações? Quando dar atenção às preocupações e quando descartá-las?
Conhecendo as características da preocupação produtiva e os sinais da preocupação improdutiva, você saberá qual a decisão mais benéfica para você.
Portanto, continue a leitura para descobrir o que levar em conta ao avaliar a natureza de suas preocupações. Ao fazer essa distinção, você poderá gerenciá-las de modo muito mais saudável.
1. A preocupação produtiva estimula a ação
Sua preocupação tende a ser construtiva quando ela o alerta para os cuidados que deve tomar.
Por exemplo, digamos que você tem uma prova agendada para o final de semana. É prudente considerar a hora que você deve chegar ao compromisso, já que você não deseja ser desqualificado em função de um atraso.
Então, se a sua preocupação o leva a verificar a disponibilidade de transporte, estimar o tempo necessário para chegar ao local e se programar para fazer seu trajeto com tranquilidade, você fará bem em dar ouvidos a ela.
Veja, nesse caso, a preocupação está conectada a coisas que você pode administrar. Ela te incentiva a adotar medidas práticas, viáveis, que reduzem (efetivamente) os riscos de contratempos.
Porém, a situação muda quando sua preocupação diz respeito a hipóteses intangíveis, que não cabem a você controlar. Tentar prever acidentes de carro no percurso, imaginar que ficará preso no metrô ou visualizar que o endereço do local da prova pode mudar, sem que você seja avisado, são exemplos de preocupações improdutivas — já que seriam imprevistos que fogem à sua capacidade de preparação.
Ter um “plano B” costuma ser positivo. Mas procurar se precaver de toda e qualquer eventualidade é apenas um exercício desgastante, infrutífero e extremamente angustiante.
Leia também: Cansaço mental: maneiras de combater a sensação de esgotamento.
2. Preocupações produtivas orientam para soluções
Uma característica essencial da preocupação produtiva é que ela tem solução. Ou seja, ela não tem o intuito de deixá-lo apavorado, preso num ciclo de pensamentos negativos.
Para ilustrar, vamos voltar ao exemplo da prova, que usamos no tópico anterior.
Você deseja se sair bem no teste. Logo, sabe que precisa estudar os conteúdos que devem cair no exame.
Se preparar e ter o conhecimento necessário para responder às questões da prova é uma solução viável, concorda?
Contudo, o fato de você estudar não significa, necessariamente, que você acertará todas as respostas.
Agora, se a sua preocupação fosse essa — ter a garantia de obter 100% de acertos — haveria uma solução para o problema?
Soluções razoáveis não são soluções mágicas. Sua preocupação se torna improdutiva quando você não aceita os limites do que pode fazer.
Preocupando-se em ter 100% de aproveitamento (em vez de se preocupar em ter um bom desempenho, mas passível de erros), provavelmente você se sentirá mais nervoso e até duvide de sua capacidade enquanto estuda. Na verdade, é possível que acabe desistindo de fazer a prova, porque se vê fracassando no objetivo.
Quando encontrar uma solução, aplique-a. Descartar a solução, porque não é perfeita — ou continuar se preocupando, ainda que a solução plausível tenha sido encontrada — é uma decisão improdutiva.
3. A preocupação produtiva é limitada
Passar horas (ou dias) debruçado sobre um problema, procurando analisar todos os ângulos da situação, geralmente resulta em ansiedade acentuada.
Agindo dessa forma, você revisa todos os “e se…” que a questão suscita, sem conseguir chegar a resoluções satisfatórias. Também pode perceber que o assunto “vai e volta”, como se você estivesse, permanentemente, questionando as soluções que já encontrou.
Diferente da preocupação excessiva, a preocupação produtiva não se estende por muito tempo e sempre tem um foco específico.
Para que seja construtiva, a preocupação precisa se concentrar em uma coisa de cada vez, sem ficar “pulando” de uma possibilidade para outra.
Lembra do exemplo da prova? Vamos supor que você tenha ficado preocupado quanto ao material que precisa levar para fazer o teste. É uma preocupação válida, já que é específica, razoável e tem caráter prático. Então você confere a lista, vê que precisa providenciar caneta preta, lápis e borracha. Separou tudo o que era preciso? Ótimo, assunto encerrado.
Mas, se você ficar duvidando que leu a lista de materiais corretamente e, deitado na cama, ficar pensando que está esquecendo alguma coisa, não há nada de produtivo nisso. Pior ainda é começar a imaginar que seu engano vai gerar uma onda de eventos desagradáveis, culminando na invalidação do seu teste!
Preocupações improdutivas têm essas características: são ilógicas, exageradas e partem de um detalhe para vislumbrar uma terrível reação em cadeia de acontecimentos. Se perceber que seus pensamentos estão seguindo nessa direção, saiba que está, apenas, alimentando sua ansiedade.
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4. Preocupações produtivas não exigem controle de tudo
É natural que você se preocupe com aquilo que é importante para você. Não imagine que lidar com preocupações, de forma saudável, implica em uma sensação de bem-estar (ou até de indiferença) diante dos problemas.
Mesmo fazendo tudo o que está ao seu alcance, é possível que a preocupação siga gerando algum desconforto. Não há nada de errado com isso. A incerteza faz parte da vida e tentar dissipá-la, totalmente, pode não ser um objetivo atingível, em várias situações.
Preocupar-se de forma produtiva inclui saber que você não tem como controlar tudo o que acontece.
E, sim, as coisas podem ser diferentes do que você conseguiu prever.
O que você faz, ao se preocupar de maneira eficaz, é assumir a responsabilidade sobre o que pode fazer de concreto, sem se sobrecarregar.
Você tem a capacidade de exercer influência sobre os eventos de sua vida. Mas controlá-los é uma habilidade que você jamais vai adquirir.
Aceite suas limitações e entenda que a preocupação não é um inimigo a ser aniquilado. O grande “truque” é mantê-la gerenciável, empregando atitudes viáveis e racionais, de modo que as incertezas não nos paralisem.