O estado de desânimo e o desinteresse pelas mais diversas situações, seja nos relacionamentos ou trajetória profissional, são influências do transtorno de depressão.
Não é a depressão que gera a perda da libido, mas uma série de sentimentos, pensamentos negativos, e as insatisfações que acompanham o quadro.
É muito comum, tanto em homens, como em mulheres, a queixa de mudanças comportamentais na relação, sobretudo o menor desejo sexual.
Não só os aspectos psicológicos, como também processos bioquímicos no cérebro podem intensificar a perda da libido.
É de suma importância o tratamento psicoterápico para esclarecer até que ponto há interferência da depressão e o que precisa ser reavaliado, tanto a nível individual, como na rotina e dinâmica do relacionamento.
Casamentos duradouros são os mais afetados
A queixa da perda do desejo sexual no quadro depressivo é frequente, principalmente entre os casais que estão juntos há mais tempo.
A intimidade nesse caso, favorece a abertura para discutir sobre o assunto de forma mais honesta, inclusive levando em consideração o transtorno, caso já tenha existido o diagnóstico.
A princípio, a ausência de desejo sexual não deve ser discutida somente pelo viés do transtorno emocional, mas também pelo campo da dinâmica da relação.
A psicoterapia irá resgatar uma avaliação consciente e real sobre a interação afetiva, aspectos emocionais e os pilares da relação.
Dependendo do quadro, sugerir novas abordagens que sejam mais saudáveis e adaptativas para ambos.
Baixa autoestima e a readaptação cognitiva
A baixa autoestima e sensação de incapacidade são sentimentos recorrentes em casos de depressão e que afetam o desejo em si, não só o sexual, mas a vontade de realizar atividades que já foram prazerosas em outros momentos.
A visão sobre si geralmente é distorcida e a autoimagem é bastante afetada por esses pensamentos automáticos.
O resgate da autoestima é um dos focos no trabalho realizado pela Terapia Cognitivo Comportamental com o objetivo de reestruturar o pensamento racional e realista a cerca de si mesmo.
Por meio da readaptação cognitiva e consciência sobre os pensamentos distorcidos, será possível elaborar soluções assertivas para as questões conflitantes.
O que deve ser considerado em casos de perda da libido durante um quadro de depressão:
- Qual a dinâmica do relacionamento e o seu real significado para a pessoa?
- É alguém independente, com projetos próprios e que pode contar com o apoio do parceiro?
- Autoimagem: sente-se confortável com o próprio corpo? Quais são os seus esforços para mudar essa insatisfação, caso ela exista?
- Autoconceito: o que pensa sobre si mesmo, sobre o próprio caráter e quem é?
- Autoreforço: reconhece seus próprios esforços e é grato por eles?
- Autoeficácia: confia na capacidade de mudar a própria vida e situações que geram insatisfação?
A medicação pode causar perda da libido?
Outro ponto importante é o tratamento farmacológico. É comum alguns pacientes apresentarem queixa de queda no desejo sexual após o tratamento medicamentoso.
Esse efeito é comum por conta de alguns medicamentos afetarem na produção de três importantes neurotransmissores no cérebro que necessitam ser reequilibrados em quadros de transtorno de depressão, como a dopamina, serotonina e a noradrenalina.
Justamente esses neurotransmissores, possuem um papel importante na sexualidade, como desejo e excitação sexual.
Existem medicamentos que podem interferir mais ou menos, é fundamental apresentar essa queixa ao psiquiatra para a possibilidade da prescrição de fórmulas alternativas para o quadro.
Não confunda queda do desejo com impotência sexual
No caso dos homens é preciso esclarecer um fator importante. A depressão pode gerar a queda do desejo sexual por diversos fatores, principalmente por questões bioquímicas e também emocionais.
No entanto, disfunção sexual e a dificuldade para ereção é um problema a parte que deve ser investigado por conta da relação com hormônios e questões vasculares.
Perda do desejo é uma questão subjetiva
Embora saibamos que a depressão gera mudanças bioquímicas no cérebro e consequentemente alterações psicoemocionais, as queixas apresentadas necessitam ser investigadas pelo psicoterapeuta por uma abordagem individual.
A construção da sexualidade está em torno de tabus e de questões bastante subjetivas, portanto a visão da pessoa sobre o tema, o comportamento e posição acerca do assunto será fundamental para a seleção da melhor abordagem cognitiva.
Durante a psicoterapia é discutido sobre os tabus morais relacionados à sexualidade e ao prazer para o desenvolvimento do estímulo adequado. É reestruturado o papel da função sexual como uma ferramenta de promoção da saúde física e emocional.